quinta-feira, 27 de setembro de 2007

O estrado da situação – parte II

Depois de passar semanas remoendo o repentino “declínio” da minha cama, resolvi de uma vez por todas que iria dar um fim a essa situação.

Decidida, entrei na loja de colchões no shopping, onde fui atendida prontamente uma colega de faculdade. Perguntei o preço de uma dessas camas novas, sabem? Essas que tem molas, sem estrado, como se fosse um colchão em cima do outro. Enfim, ela me disse o valor (meio salgado, devo admitir) mas eu estava disposta a tudo, tudo para me livrar dos “julgamentos” da minha velha cama.

Me aproximei da mais nova “candidata” e como boa brasileira, sentei bem de leve no lado direito, foi então que tudo veio a baixo. E quando eu digo a baixo, eu quero dizer que a cama levantou e quase partiu minha cabeça ao meio.
Fiquei com aquela cara de “isso é normal?”, mas não precisei perguntar. Disfarçando a risada a atendente me disse que nunca viu nada daquilo, que provavelmente o pé estava quebrado. Chega, eu já tinha visto demais. Saí de fininho da loja, antes que mais um desastre acontecesse.

No caminho para a casa tudo ficou mais claro, o problema era comigo. Eu e não a cama! Por mais que tudo aquilo não fizesse sentido, eu fui obrigada a rir de mim mesma e fiquei pensando se alguém iria acreditar que aquilo havia acontecido. Mas, esse não é o caso, afinal há testemunha e ela estuda comigo.
Para resolver a situação eu deveria ir à raiz do problema e foi exatamente isso que fiz.

Minha mãe levou dois minutos para “convencer” meu pai a arrumar o estrado.
Já faz quase três semanas que eu e minha cama fizemos as passes e eu tenho de admitir, por pior que seja dormir em cima de um buraco, é muito melhor do que ser atirada pelos ares.


Jéssica Feller
que está pensando seriamente em dormir em um colchão no chão, onde nada pode lhe ferir.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Parabéns para mim!


Durante muitos anos da minha vida eu recebi em meus aniversários inúmeras surpresas. Tudo bem que não eram tão “surpresas” assim, começava uma semana antes do dia 25 de setembro, bilhetes na sala de aula, cochichos e comportamentos um tanto “estranhos”. Suas amigas inventam uma histórinha qualquer para te levar na casa de determinada pessoa depois do treino de futsal ou para Balneário em um domingo a noite. Você suspeita logo de cara que algo está por vir, mas não fala nada afinal, é falta de consideração com as pessoas que estão planejando algo especial para você.

É claro que no fim as coisas nunca saem como planejado, você chega 5 minutos antes e as pessoas ainda estão na sala pendurando balões, a amiga que iria ceder o apartamento sumiu com o ex-namorado ou alguém deixa escapar que todos os seus amigos e familiares estão atrás daquela porta. Essas situações fazem parte de qualquer “surpresa”. Nada disso nunca diminuiu o valor dos planos mirabolantes dos meus amigos, eu sempre fiquei muito contente em saber que as pessoas querem fazer do meu aniversario um dia fora do comum.

Esse ano eu entro para a casa dos 20 e devo dizer que durante essas duas décadas, nenhum presente supera o fato de que as pessoas que eu mais gosto e considero tiraram um tempinho para me ver, mandar um e-mail ou telfonar. O melhor de qualquer festa ou comemoração é ter aqueles que você ama ao seu lado, mesmo que depois de algumas cervejas eles comecem a contar aquelas histórias que ninguém deveria lembrar (ninguém além da sua consciência).

E como hoje é dia 25 de setembro nada mais me resta a não ser esperar para ver quem irá esquecer do meu aniversario, para que assim eu possa da próxima vez que nos encontrarmos, fazer aquele dramalhão mexicano, que sempre vem seguido de um pedido de desculpas e um coquetel compensador.

Amor na fila


Eram cinco horas da tarde de alguma sexta - feira, quando após terminar a digitação de um documento, me deparei com o relógio e descobri que faltava apenas uma hora para ir para casa. Meus olhos seguiram a direção da porta do meu trabalho e encontram tudo o que queriam ver.:o garoto da fila do Banco do Brasil( pode até parecer estranho, mas eu sempre conheço homens nos lugares mais improváveis).
Eu já estava quase ficando sem esperanças, mas algo me dizia que eu iria vê-lo novamente. Notei que ele olhou para os lados, procurando algo ou alguém, resolvi me levantar e ir até ele. Embora minhas pernas estivessem tremendo e meu coração batendo acelerado. Disfarcei, peguei um copo de água e puxei assunto com a senhora que da limpeza. Foi quando o amigo dele reconheceu a minha voz e disse:
- Olha quem esta aqui!
e eu respondi (com a maior cara de surpresa)
-Nossa! Quem é vivo sempre aparece (clichê, eu sei, mas no momento foi tudo que conseguir pensar)
Conversamos um pouco, até eles decidirem tomar o café que eu havia feito, ele prontamente respondeu que sim, quando o seu amigo perguntou se eu já poderia casar.
Fomos até o atendente, onde eles se apresentaram, e foi então eu soube :aquele era o homem da minha vida. Pois ninguém mais poderia, na face da terra, ficar encantada com um homem na fila do banco, cujo o nome é *** , afinal meu histórico de nomes estranhos é grande, mas esse supera qualquer um.
Como eles estavam com pressa logo se despediram, mas na porta ele me olhou e disse que voltará. E assim se foi, sem ao menos saber meu nome.


Jéssica Feller
dedica esse texto a todos os amores para toda a vida, que só duram uma semana

O corpo


Quando as primeiras lágrimas começaram a cair, já era tarde de mais. Tudo aquilo que fora reprimido por tanto tempo, encontrou o caminho para fora. Procurou entender porque deixara se abalar pelo passado, mas eram tantas as questões em sua cabeça que não conseguia pensar em nada, nada além de sua dor.

Jogou-se no chão e permaneceu lá, esperando que alguém aparecesse e a consola-se. Ninguém veio. Correu para o telefone e discou o único número que sabia de cabeça, mas não foi atendida. Aos poucos os murmúrios transformaram-se em soluços, e só pensava em como queria ter alguém ao seu lado. Só havia silêncio.

Sua dor foi abafada pela falta de ar, pela falta de esperança, pela falta de um motivo.Tudo ficou claro, mas ela permaneceu ali, no chão, sozinha no escuro até que o ultimo sopro de vida se fosse. Levantou-se como outra mulher, não era mais uma garota, não era mais fraca e iludida. Era apenas um corpo inabitado por uma alma.

24/06/2006

O estrado da situação


Já faz uma semana que eu senti que algo estava errado, nunca na minha vida eu tive tal problema. Eu já ouvi várias histórias sobre problemas na cama, mas comigo foi a primeira vez.

Era uma dessas noites qualquer, cheguei da faculdade, entrei no quarto e apaguei a luz, selecionei algumas musicas no play list do pc e me joguei na cama.
Naquele momento eu senti que algo estava muito errado. Bem ali do meu lado da cama, onde eu me deito toda enrolada no edredom, com meu pijama de ursinhos e meias de fadinhas. Bem ali, havia um declínio.

Agora, toda noite fico com medo que o estrado vá ceder e começo a me imaginar no chão, toda enrolada entre a madeira, o edredom e esperneando com as meias de fadinhas.
Toda essa situação me fez pensar, será que meus quilinhos a mais estão passando dos limites do “suportável” ou será que quando você tem uma cama de casal é necessário que duas pessoas durmam nela para “equilibrar as coisas”?
Será possível que a minha cama esteja exigindo que eu faça dieta ou arrume um namorado?

Pode parecer estranho que um pequeno pedaço de madeira faça tanta confusão, mas é na cama que você passa grande parte da sua vida. É nela que você fica virando de um lado para o outro pensando no que tem que fazer no dia seguinte, é ela que te proporciona uma boa noite de sono mesmo que esteja super frio, é nela que você vê aqueles filminhos água com açúcar comendo sacos e sacos de doces que comprou na Americanas, é nela que você se refugia quando não quer levantar de jeito algum.
Quando você tem problemas na cama ou com a cama, é difícil não pensar: sou eu ou o estrado?

J. M Feller
que agora dorme bem no meio da cama

Escapes


Eu sou uma dessas garotas que não se satisfaz facilmente, eu compro uma nova bolsa a cada três meses, não consigo me controlar diante de uma loja de sapatos e acabo sempre comprando os mais altos que sempre me fazem calos e bolhas mas, ficam lindos com os vestidos que compro em cinco vezes (sem juros).

Todo mês eu compro uma nova bijuteria, pode ser uma anel, um brinco ou uma corrente mas, todo mês eu compro.Faz parte do meu ritual compensador: eu trabalho, me estresso, choro, juro que vou estrangular alguém. No fim do mês quando eu recebo ao invés de cumprir minha promessa eu compro algo que me faça sentir bem (por pelo menos uns cinco segundos). É claro que seria muito saudável sair gritando pelas ruas que a minha vida é uma merda (ao menos sairia mais barato), mas eu prefiro evitar o constrangimento e acabo estourando minha conta bancária.

Agora enquanto eu olho para minhas duas gavetas cheias de brincos, grandes, pequenos, com pedras e miçangas eu fico pensando em quanto eu preciso de um psicólogo.Cada vez que alguém elogia algo que eu estou usando, eu poderia dizer: “Muito obrigada, esse foi meu consolo por não agüentar minha gerente berrando comigo” ou “Comprei para esquecer que tirei um três na prova de foto-jornalismo”, mas as pessoas não precisam saber de todos os detalhes da minha vida. Se elas soubessem eu com certeza não teria mais amigos e nunca mais beijaria na minha vida.

As pessoas sempre se escondem atrás de máscaras, umas contam piadas, outras bebem de mais, e algumas compram coisas inúteis (como uma certa bolsa rosa que só cabe um gloss e nada mais).Faz parte do ser humano essa fuga, essa tentativa de fazer as coisas parecerem melhor, é claro que na realidade não ajuda em nada mas, eu tenho de admitir as vezes tudo o que você precisa é um gole de café, umas boas risadas e uma sandália magnífica pra se sentir um pouco melhor.


J. M. Feller
Que hoje se controlou e só comprou as argolas e não o conjunto todo.

Finalmente uma dataque eu posso comemorar!


Se você é solteira sabe bem do que estou falando. Quem de nós (as sem-namorados) não teve que passar a semana que antecede o Dia dos Namorados ouvindo os grandes planos de seus amigos?
Você (ingenuamente) acha que por não ter “alguém” em sua vida, não precisa opinar nos presentes, cartões e jantares. Está enganada! E não importa quantas caras feias você faça, eles ainda perguntam: “alianças ou um porta-retratos?” (Oras, o porta-retratos, afinal se um dia a relação terminar ao menos você ainda pode usá-lo).

Mas você, com toda a sua paciência, apenas sorri e acena com a cabeça. Ao menos assim, se um dia eles terminarem, seu amigo não pode dizer que foi seu “olho gordo”. Sim, os “comprometidos” acham que nós temos ciúmes deles, que ser solteiro é uma condição (quase uma sala de espera para o próximo relacionamento).

É claro que a vida não é como em Sex and the City. Sejamos honestas, você não vai para a balada quatro vezes na semana, não é todo dia que seu cabelo está o máximo, o esmalte da suas unhas lasca e não é sempre que você fica com um cara super bonitinho e interessante. Mesmo assim eu me nego a pensar que somos caso de pena e não acredito que minha vida seja vazia por não ter um homem ao meu lado.

Mas hoje não é dia para pensar nos detalhes. Hoje é dia de fazer a sobrancelha, botar aquela roupa e comemorar junto aos seus amigos solteiros, que assim como você não estão cheios de drama em suas vidas. Por que ser solteiro não é uma condição, é um estado.


J. M. Feller
Que um dia quer ser como a Carrie Bradshaw de Sex and the City


* Esse texto foi feito especialmente para o blog : http://peganomeu.wordpress.com/

Apesar de tudo

Durante nossa existência todos nós passamos por crises, eu atualmente estou sofrendo da famosa crise dos vinte anos. Se alguém a sete atrás me pergunta-se como a minha vida seria aos vinte, eu diria sem hesitar, que ela seria maravilhosa.

Eu provavelmente estaria errada sobre quase tudo, para mim a vida deveria ser como uma propaganda de maquiagem, rodeada de amigos sorridentes e com um lindo namorado ao meu lado. Mas, as coisas nem sempre são como se planeja.

Recentemente eu perdi um grande amigo, a partir daquele momento eu soube que aquela fantasia, que ainda vivia em algum lugar da minha mente, nunca mais poderia ser a mesma. Eu tive de aceitar a minha realidade e aprender a lidar com ela: eu não posso carregar meus amigos embaixo dos meus braços para que assim eles nunca caiam ou se machuquem. Eu não posso evitar que às vezes eu seja machucada e que minhas ações machuquem outras pessoas.

Tudo isso pode parecer óbvio para alguns, mas eu levei um considerável tempo para entender que a vida não deve ser tratada tão friamente e que o cinismo não leva a nada além de boas tiradas. Hoje, depois de um ano e alguns meses pela primeira vez, eu me senti eu mesma. Pude chorar sem me sentir culpada pela perda de um amigo, eu pude me perdoar por não ser uma amiga mais animada, por ficar reclamando o tempo todo, eu pude entender porque eu estou sozinha a tanto tempo.

As coisas ficam bem mais claras quando conseguimos nos aceitar pelo que somos: seres humanos. Apenas pessoas que comentem erros, mas que ocasionalmente também acertam. E não importa o quanto as pessoas tentem te fazer ver isso, você só vai entender quando estiver pronto.

Bingo!


Recebi um telefonema durante meu rápido horário de almoço, era minha avó. Com uma voz doce ela pergunta se quero ir ao bingo da igreja, eu digo que vou pensar...
Penso e decido ir afinal, passar algum tempo de qualidade com ela é sempre bom. Um dia antes do evento na paroquia, ligo para ela e pergunto que horas devo passar para pega-la, ela me responde que não gosta de bingo e que não vai. Então eu reflito no que faria a minha vó pensar que eu gosto de bingo.
Talvez ela pense que eu eu goste da emoção de ver as bolinhas serem sorteadas ou de brindes que são no mínimo inúteis para mim (como bicicletas, panelas de pressão e ferros de passar roupa) ou ainda de pastéis de igreja. De fato fui pelos pastéis.
Depois de dois (um de carne e um de queijo com presunto) comecei a me animar com o jogo, foram trinta e três rodadas, fiquei pela "boa" três vezes mas, não ganhei nada. Bingo é como carteado, eu nunca ganho, mas nunca recuso um convite.