quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Brigas (e outras neuroses sobre minha vida afetiva)

Eis que em dado momento de uma conversa entre amigas uma delas começa a relatar uma briga com o namorado. Enquanto ouço atentamente, fico puxando em minha memória alguma referência familiar para saber exatamente qual é meu posicionamento em uma situação como aquela. Então varri toda minha memória, puxando antigos/recentes relacionamentos ficantes e paixonites, nada. Pesquisei por brigas/discussões, nada. Minha memória ta tão ruim assim? Pensa cronologicamente, opa, a comida ficou pronta! Deixa pra lá.

Mas chegando em casa me vi pensando novamente nisso por horas. Céus, teria eu tido relacionamentos tão maravilhosos que não existia espaço para tais coisas? NÃO! Então o que tinha de errado com meus relacionamentos para nunca ter tido esse tipo de discussão, essas pequenas briguinhas que todos os casais relatam como se fosse parte obrigatória dos relacionamentos? Será que estou há tanto tempo sem um relacionamento que simplesmente não me lembro mais de situações pontuais como essas? E se sim, como resolver? Simplesmente ligar para o ex e perguntar: “Algum dia eu fiquei chateada por algum desses motivos ~lista de motivos~?”

E se de fato eu nunca tive as tais brigas, será que um dia as terei? E se não, o que isso diz de mim exatamente? Seria esse um dos motivos para eu estar solteira a um considerável período de tempo? Infelizmente (ou felizmente) essa é uma daquelas neuroses que só o tempo poderá responder. 
Ao meu futuro ficante /namorado só posso dizer: Mal posso esperar para brigar (ou não) com você! .


                

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Pequenas vitórias


Desde comecei a morar sozinha passei a apreciar muito mais as pequenas vitórias do dia a dia e por morar em uma nova cidade essas ficam ainda mais frequentes (e talvez um pouco mais estúpidas pra quem as vê de fora). Aqui está meu ranking das 4 conquistas que ganharam pulinhos e berrinhos de celebração (não me julguem!).

4- Quando aprendi a ir ao mercado sozinha
Pode parecer idiota e mundano, mas a primeira vez que fui ao mercado sem ajuda do Waze eu dei alguns gritinhos de felicidade dentro do carro. Ta bom que eu basicamente só preciso dar a volta na quadra e depois seguir reto por 2 quilômetros, mas gente,  juro que no começo eu achava difícil me localizar.

3- Meu primeiro bolo
A história do meu primeiro bolo, sem qualquer supervisão de um entendido no assunto,  envolve alguns dramas e dificuldades (que foram facilmente resolvidos após dois vídeos e 47 áudios para minhas amigas), também teve corte no dedo, fumaça casa adentro e uma daquelas coberturas que embora esteja deliciosa não ajuda em nada na aparência, sabe como? Mas o que importa é que meu primeiro bolo durou menos de 1 hora na cozinha do trabalho e considero isso um grande sucesso.

2- A primeira vez que andei nua
Quando você mora com seus pais e irmão, andar nua pela casa não é exatamente uma opção, e a verdade é que nunca havia nem pensado nessa prática. Mas quando você mora sozinha as pessoas de repente revelam que todo o tempo que você andava de roupão, eles estavam nus em pelo em suas respectivas casas. Após um longo estudo sobre o campo de visão do prédio à frente fui ver por mim mesma qual era a graça, e embora não tenha me tornado adepta ao nudismo domiciliar, sempre que preciso ir à sala depois do banho sem ter que me enrolar na toalha eu esboço um sorriso de canto de boca.

1-A primeira vez que recebi meus amigos

Para mim foi o acontecimento do ano, cheio de planos, cardápios, preparativos e muita ansiedade, e é claro que o resultado não podia ser diferente: o final de semana mais incrível da história. A primeira vez que meus amigos ficaram hospedados na minha casa, foi o dia que ela se tornou um lar.  E é claro que nem tudo saiu conforme o planejado, mas o mais importante foi alcançado: eles se sentiram em casa, quer vitória maior que essa? 



De todas as experiência acima citadas, acho que o bolo foi a melhor opção para ilustrar 

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Coisas que ninguém te conta sobre morar sozinha:

Quando você revela que vai morar sozinha pela primeira vez, todo mundo quer dar “dicas” (leia-se pitacos) sobre como você vai se sentir, o que terá que fazer, o que vai estranhar, etc, etc.  Depois de ouvir aquele montante de clichês, você descobre que na verdade foi sobre o que eles não falaram que vai te marcar mais.

- Lavar louça, limpar a casa, cozinhar, não são NADA comparados a jogar o lixo. JURO, você pode lavar paredes e não se importar, mas ter que colocar uma roupinha mais ou menos (correndo o risco de algum vizinho gato te ver toda cagada) pra descer e levar o lixo, esse será o maior sacrifício de todos.

- Limpar o ralo do chuveiro vai mudar a sua vida. Não adianta dizer: “já limpei muita casa suja”, “já vi de tudo”, a primeira vez que você limpar um ralo de chuveiro você nunca mais será o mesmo (não vou dar spoiler porque acho injusto, mas dou dica: LUVAS).

-O mais difícil é não ter em quem colocar a culpa: Faz 2 meses, sim DOIS, que perdi o pé esquerdo de uma sapatilha laranja dentro do meu apartamento (de um quarto diga-se de passagem). Eu não posso dizer: “Quem pegou?”  “Quem escondeu?”  E nem mesmo “pelo amor de Deus me ajuda a procurar”. Eu perdi, já procurei por tudo, e não há testemunhas nem o que fazer.

- Comprar água é a pior parte das compras: eu sei que ela é primordial e sem ela a gente tipo, morre, mas comprar água é um saco! Primeiro que você para e pensa, quantos litros preciso? Onde vou guardar esses galões? Como vou carregar isso sozinha? E ai vem aquele pensamento obscuro “e se eu der uma fervida na água da torneira, será que não rola?”. (Não, Não rola, compra o que consegue carregar e sempre, SEMPRE verifica se está acabando o estoque).  

-Gritar não é opção: não importa se for uma tarântula de 2 metros de altura, barata voadora de 3 cabeças, formigas carnívoras,  se o inseto entrou na sua casa é seu DEVER moral matá-lo sozinha (e limpar os restos mortais). E não tem essa de: vou me trancar no quarto e esperar ele ir embora sozinho, se enche de coragem e vai, com vassoura, sapato, remo, não importa! Só vai e mata (depois do primeiro fica bem mais fácil).



Jéssica M. Feller


Sobrevivente do ataque de um besouro durante o banho 






sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Sobre aventurar-se


Em agosto de 2014  tomei uma decisão que mudou minha vida, e me trouxe até aqui. Devo dizer que os primeiros nove meses que antecederam agosto não foram nada fáceis, em meio a uma vida perfeitamente normal, com emprego estável, amigos e família mais que especiais, um amor correspondido, um maremoto se iniciou. Não vou entrar em detalhes (aguardem para quando eu tiver 80 anos e lançar minha autobiografia), mas vou ser categórica: minha vida virou de cabeça para baixo da pior forma possível. Todos os meus valores e crenças foram questionados em todos os sentidos. De repente me vi, em meio a destroços do que antes era minha vida e me questionei: eu tenho mesmo coragem de ser quem quero ser? De fazer o que realmente quero fazer? 

E me senti tão ridícula e hipócrita, ora, quem não vive o que acredita tem que nome? E foi ai que meu pé encontrou o pau da barraca. Pedi demissão do meu emprego de cinco anos e aceitei o convite de uma amiga de infância para viajar e ficar na Ucrânia durante dois meses. E pra quem não me conhece explico, sempre fui a pessoa mais medrosa do mundo, daquela que pensa um milhão de vezes antes de fazer algo, que mede cada consequência, e por isso não foi surpresa que 99% dos meus familiares e amigos disse: Não, você não vai!

Ah, mas eu vou sim! Largar emprego? Feito! Viajar para um País em guerra? Porque não? Medo de ter o avião atingido? De forma alguma! Morrer de saudades? Eu dou um jeito! Me virar nos 30 em todas as situações possíveis? Claro!

E ai que vivi os dois meses mais incríveis da minha vida, mais libertadores, desafiadores e felizes e... Ah, vocês entenderam! Conheci a Ucrânia, Alemanha, Turquia e fiquei algumas horinhas em Paris (e já essas horinhas renderam mil e uma histórias). E o resultado de tudo isso, de todas essas experiências lindas, perrengues e pessoas maravilhosas que conheci, foi a decisão de que meu próximo voo seria mais alto. Aquele que sempre sonhei, que sempre me deu frio na barriga,  que eu já achava que não realizaria: mudar de cidade e morar sozinha!

Em fevereiro completo um ano de vida nova, e agora com a cabeça um pouco menos “anuviada”, senti que chegou a hora de compartilhar um pouquinho dessa aventura que chamo de vida.





    
              Essa foto é só pra fazer invejinha e dizer: olha eu na Europa! ALOKA!