domingo, 26 de outubro de 2008

O difícil não é ser você. Difícil é ser normal.

Você com seus desejos, sabe de suas habilidades e limites, mas acredita em você. E então eles lhe dizem:
-“Você não vai conseguir.” Dói, mas não é o suficiente.
Aos poucos você conquista, uma ou outra pequena parte do caminho, mas ainda não é o suficiente para eles e novamente te dizem:
- “Vocês não vai conseguir.” Dói, mas não é o suficiente.
Passa o tempo e você se encontra em uma encruzilhada, olha para trás e sente-se orgulhoso do que já conquistou. E ao ver isso, eles dizem:
- “Não é o suficiente.” Dói, e você começa a achar que não vai conseguir.
Preso nesse espiral, você finalmente se entrega, levanta os braço e grita:
- Eu sou fraco,meus limites superam minhas habilidades. Eu não vou conseguir.
E como se não fosse o suficiente eles te olham, de cima para baixo e dizem:
“Eu avisei”.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Não estou só

Sempre me senti uma estranha no ninho, como se não pertencesse a nenhum lugar. Havia algo em mim que me fazia ser diferente dos outros. Quis a vida que eu descobrisse aos 16 anos, que na verdade eu não era estranha, eu era jornalista. Nunca vou me esquecer desse dia, ouvindo a conversa de dois jornalistas sobre filmes em PB, fotografias, política. Pensei comigo: “Esse é o tipo de conversa que quero ter, quero estar rodeadas por pessoas assim.”

Hoje no 7º período da faculdade, já pensando em meu TCC, tentando arrumar um estágio e quase ficando louca com o livro de 30 páginas que tenho que escrever para redação, eu vejo que enfim encontrei meu lugar. Está certo que há tempos perdi as ilusões sobre um jornalismo que modifica a sociedade, a imagem do jornalista como um intelectual-boêmio-contemporâneo, o sonho de ficar rica fazendo jornalismo. Mas ainda sim, eu sei que não seria completa fazendo outra coisa e o simples fato de não ser mais “a” estranha no ninho já me dá uma certa paz. Estranha sim, mas não estou sozinha nessa.

Jéssica Feller
que queria ter feito parte do Pasquim

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O retorno

Sei que não há desculpas para uma blogueira abandonar seu veículo, mas é fácil perder a concentração em meio a tantos acontecimentos. Talvez eu estivesse esperando tudo se acertar, e com a mente no lugar escrever o post de volta. A verdade é que as coisas não estão no lugar, tudo está acontecendo ao mesmo tempo e minha mente não consegue se fixar em apenas uma coisa.

Mas no fundo esse sempre foi o objetivo desse blog, botar para fora as frustrações e “pensar alto” sobre tudo o que acontece. Então aqui estou, tentando me redimir com meu velho companheiro de madrugadas, que me ajudou a “liberar” tudo o que me sufocava, despertava interesse ou apenas fazia rir.

Esse é um novo capítulo da minha vida. Sejam todos bem vindos.

domingo, 3 de agosto de 2008

Hipótese do homem com mais de 33


*Por Marina Fiamonccini
Hoje em dia as pessoas vivem na casa dos pais por mais tempo que antigamente, mas isso não indica que seja algo normal, principalmente para os homens. Para isso pegamos a idade que Jesus Cristo tinha ao morrer – 33 anos (e que até então morava com a mãe e percorria o mundo sem muita preocupação, já que era solteiro), para explicar a hipótese do homem com mais de 33 que mora com os pais.

Como dizem alguns filósofos contemporâneos, “homem com mais de trinta sem barriga, é gay”. Mas isso não basta. Alguns homens com mais de trinta anos que moram com os pais tem a triste mania de se gabar de muitas vezes ter um bom carro, ter estudado e viajado muito e ter uma posição de destaque em seu emprego. Eis que por trás desse talento há uma mulher que lava suas cuecas e um homem que paga sua gasolina (ou vice-versa). Pronto! O homem com mais de trinta demonstra realmente quem ele é: um dependente.

Demos um crédito a esse exemplar: três anos. O tempo é para que se conscientize de uma vez por todas que está na hora de seguir sua vida. Porém, nesta etapa, chegamos a seguinte dúvida: e se ele gostar demais de sua mãe e não quiser abandoná-la de jeito nenhum? Infelizmente não há essa alternativa. Há estudos que indicam que amar a mãe é algo natural e lindo, mas não chega a fazer a pessoa desejar morar com ela para sempre. Aliás, a situação pode ser pior ainda: ninguém quer morar com a sogra para sempre.

Geralmente esses homens estão solteiros, muitos são atraentes e interessantes, mas não conseguem ter uma relação duradoura. Há aqueles que namoram mulheres mais jovens, que são fáceis de enganar e de agradar. Os que namoram mulheres de sua idade ou mais velhas são poucos, afinal a maioria delas já se estabilizou na vida e tem uma relação equilibrada, ou busca uma: algo que com o homem com mais de trinta que quer ficar na casa dos pais para sempre, é difícil. Primeira suposição: se ele tem essa idade e se acomodou na casa dos pais é porque é muito imaturo e só quer curtir a vida. Segunda: ele não assumiu que gosta mesmo é de homem.

Logo, temos a hipótese de que o homem com mais de 33 que mora com a mãe é gay. Já os que têm todas essas qualidades e barriga definida são, sem dúvida, gays. E principalmente, aqueles que têm mais de trinta, barriga definida, conversas intelectualmente brochantes e não demonstram nenhuma vontade de te pegar de jeito e te levar para qualquer quarto da casa dos pais, são absolutamente GAYS!


Marina Fiamoncini
Que não tem nada contra homens de 30, gays e mães.

***

Jéssica Feller - foi co-autora da teoria e estudiosa do tema

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Apenas uma peregrina

Certa vez me disseram que admiravam meu desapego as situações, lugares, pessoas. Essa postura supostamente me impedia de sofrer por perdas ou mudanças. Não me classificaria como “desapegada” ou indiferente. Simplesmente entendo a dinâmica de que situações terminam, para outras começarem. É o fluxo da vida e nada posso fazer para impedi-lo ou retardá-lo.

Permito-me passar o tempo necessário de “luto” pelos finais e mudanças que ocorrem. É preciso sentir a dor do fim para iniciar em outro caminho. Tenho raízes aéreas e entendo que nenhuma pessoa pertence a outra, e ninguém pertence há somente um lugar no mundo.

Considero-me uma cidadã do mundo, com todo o direito de ir e vir, de seguir em frente e buscar e de voltar atrás quando parece-me apropriado. Lembro-me com nostalgia de despedidas e finais, mas não me arrependo das escolhas que fiz, nem mesmo das erradas. Olho para o longo caminho que ainda vou percorrer e sinto um misto de excitação e tranqüilidade. As oportunidades se apresentam a nós quando estamos prontos para reconhecê-las.

Jéssica Feller
apenas mais uma peregrina nesse mundo

Presentear é bom..



e eu gosto! por isso...

Contos no papel
Não conhece? Eu te apresento.
Morar sozinho

nota da autora: Infelizmente não pude presentear os blog´s Essência no ar e O diário de Marin Jones pois elas já possuem esse selo, mas vale a lembrança e a dica aos blogueiros de plantão.

domingo, 20 de julho de 2008

A verdade liberta

Hoje todas as minhas máscaras foram retiradas. Todos os meus segredos, meus sonhos, minhas mentiras foram reveladas. Despida sob o ar, vi minhas idéias e utopias serem expostas, julgadas e discutidas.

Não mais escondo-me embaixo de minha capa. Vulnerável sem meus adereços: minhas difamações, minha maquiagem, que tão discretamente escondiam meu ser. Arrancaram meu véu e sem ele não sou a mesma.

Deparo-me desnuda, diante do espelho. Tão frágil e absurda! Apenas um eu, um ser infame e comum que por trás de crenças e hipocrisias se fazia passar por gente. Sem minhas fábulas não mais me reconhecia e descobri que agora, todas as calunias levianas, toda ilusão da qual vivia e a máscara na qual me escondia, já faziam parte do meu ser. Alguém que não conheço.

domingo, 22 de junho de 2008

Za - Za - Zu

1.Za-za-zu – Termo utilizado pela personagem Carrie Bradshaw na série “Sex and the city”, no último episodio da 5° temporada, intitulado “Love a Charade".
2.Define as sensações de estar apaixonado; borboletas no estomago, flutuar, fogos de artifício invisíveis aos outros, sorriso bobo que não saí do rosto, incontinência de palavras, pernas bambas.



Eu sempre procurei o Za-za-zu nos meus relacionamentos, para mim nenhum casal que não tenha essa química não deveria ficar junto. Foi por isso que eu sempre dispensei aqueles que não me despertavam o Za-za-zu. Não é crueldade ou egoísmo, você simplesmente não pode fingir o Za-za-zu. Recentemente descobri que as pessoas em geral não fazem isso, elas dão segundas chances aos beijos mais ou menos e as seguradas de mão sem frio na barriga.

-Sério? eu disse
-Claro! elas disseram
-E como eu nunca soube disso? Ninguém me falou...
-Era meio óbvio!
-Segunda chance, é? Hum..

Resolvi pelo bem da humanidade ( e minha pacata vida amorosa) dar uma segunda chance ao próximo cara que eu ficasse e que não despertasse o Za-za-zu. Bom, na verdade o segundo, o primeiro não valia a pena, mesmo!

Acontece que eu não posso viver ser todas aquelas sensações deliciosas, sem a mágica inexplicável do Za-za-zu, que é tão rara, mas tão boa que vale a pena esperar. E sei que o Za-za-zu não dura para sempre e que com o tempo fica mais difícil achá-lo. Posso até parecer infantil mas quem já o viveu, pode entender e concordar que com ele, as paixões são infinitamente melhores.

Jéssica Feller
que viu o filme "Sex and the City", tem algumas críticas a fazer, mas mesmo assim chorou e renovou sua capacidade de acreditar no amor

terça-feira, 17 de junho de 2008

Nos corredores

- Não mexam em nada! eu disse com uma voz autoritária.
Os dois me olharam arregalados, escondendo as mãozinhas que já estavam esticadas, prestes a tocar.
Continuo caminhando lentamente, de canto de olho vejo que o menor disfarçadamente se aproxima de uma maquete.
O outro me olha rapidamente e sussurra :
- Não toque.
Passo novamente por eles, em direção a porta. Não precisei olhar para trás : eles mexeram nas maquetes.


Jéssica Feller
que acha que trabalhar com criança relaaaaaaaxa a gente

sábado, 24 de maio de 2008

A concorrência

Ultimamente eu tenho pensando muito sobre a concorrência. Depois dos movimentos feministas e da revolução sexual, algumas mulheres se acharam no direito de desrespeitar o Código de Ética Feminino (C.E.F). Elas estão por toda a parte, são as garotas que não se importam em trabalhar 12 horas e ganhar por 6, que estão sempre depiladas e dispostas a engolir qualquer coisa.

Meus amigos homens já haviam tentando me avisar, a concorrência aumenta conforme os anos passam e cada vez mais elas iniciam na vida mais cedo. Mas eu e minha enorme confiança na próxima e no C.E.F me neguei a acreditar. Foi aí que me encontrei diante da concorrência.

É verdade que uma competição saudável pode ser o impulso que estava faltando para você fazer aquele curso, entrar na academia ou aprender outra língua. Mas em momento algum nós mulheres devemos nos sentir acuadas. Parece que cada vez que você faz uma exigência, aparecem outras tantas que estão mais do que felizes em fazer o que você acha que não deveria.

Seja no trabalho, nos estudos ou nos relacionamentos amorosos, a concorrência é desleal e não descansa. Em um momento como esse eu não posso deixar de pensar, será que devo afastar minha tênue linha ética alguns centímetros? Ou se algo parece ser tão desconfortável e injusto, simplesmente não vale à pena?

Sinto que é meu dever como futura jornalista, mulher, blogueira e ex-trocada-por-uma-vaca, bater meu pé e dizer por uma vez por todas: EU NÃO VOU FAZER ISSO. E se isso significa batalhar mais pelo emprego e o homem dos meus sonhos, pouco importa. Por que agora eu farei as coisas do meu jeito. A concorrência que me aguarde.

Jéssica Feller
que daqui por diante não fará mais concessões

sábado, 17 de maio de 2008

O Josué que não estava lá

Josué da Silva era um homem tão magro que há tempos ninguém o via. Sabiam que acordava cedo, antes mesmo do sol nascer e só voltava muito depois dele se pôr. Pai de cinco filhos batizados com a inicial “J”, em sua homenagem, era crente a Deus, mas há anos não pisava em uma igreja. Achava que suas vestes simples não combinavam com a casa do Pai.

De quatro em quatro anos trocava a dentadura, mesmo sem ver uma maçã desde que era criança. Achava uma troca justa e por algumas semanas passeava pela rua sorrindo. Penteava os cabelos que lhe restava com um pente que guardava no bolso, combinava as meias com o lenço, mesmo que ninguém reparasse sua figura. Fazia o mesmo caminho todos os dias e gostava de ouvir músicas em seu rádio à pilha enquanto se preparava para o trabalho.

Era um homem de poucas alegrias, mas nunca reclamava da vida por achar que as coisas deveriam ser assim para todos os outros. Assinava com o polegar a folha de pagamento de todos os meses. Trabalhou trinta anos na mesma fábrica e só quando foi demitido percebeu que seu chefe o chamava de João.
Morreu sem ser velado, acreditando que o mundo acabava nos limites na cidade, que o mar era invenção de andarilhos bêbados e que seus filhos eram o futuro da nação. Só deixou saudades na sua família, que depois de sua morte falavam mais com ele do que em vida.

Assim era o grande Josué da Silva que nunca deixou de ouvir um jogo da seleção, que achava graça daqueles que queriam ir para a cidade grande e nunca conheceu seu pai. Deixou para trás doze netos que por anos achavam que o avô estava escondido, de lado, em algum lugar.

domingo, 11 de maio de 2008

e se...

Os porcos torcessem os rabos, as vacas tossissem, o dia de São Nunca chegasse?
E se um jacaré entrar no céu, se achassem uma agulha no palheiro e se o inferno congelasse?
E se fosse tudo menos complicado, se o relógio não estivesse sempre atrasado, se eu não fosse tão medrosa.
Se a chuva parasse e você me enxergasse...

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Modelos




A garota da capa está sempre sorrindo, ela tem cabelos longos com mechas loiras (em um tom que eu nunca consigo achar), olhar distante, lábios grossos e pesa o equivalente a uma criança de treze anos. Nas páginas centrais ela fala sobre sua vida equilibrada, sua dieta macrobiótica, suas três horas diárias de exercícios. Vejo o olhar de admiração das pessoas, a vontade de ser como ela, de ter sua vida, seus olhos, sua bunda, etc.

É claro que há momentos em que nós, reles seres humanos, que trabalham oito horas por dia, estudam e acham o cúmulo pagar 1,80 por dia no estacionamento da universidade (ou sou só eu?), sentem uma pitada de inveja desses seres que estampam as capas das revistas. Perdemos nosso tempo na frente do espelho encolhendo a barriga ou procurando falhas no cabelo, nesses momentos de fraqueza ousamos pensar: Eu queria ser ela.

Ela, o ser/objeto de admiração que faz milhares de homens babarem, que conseguem tudo em um estalar dos dedos e ainda sim, se dizem humanitárias e intelectuais. Elas, minhas queridas é que deveriam ter inveja das nossas vidas. Eu posso comprar pão de moletom e ninguém se importa ou bate fotos, posso cometer “deslizes” de conduta e simplesmente olhar para os lados e dizer “Ninguém me conhece!”, posso manter uma relação em segredo, ter certeza de que meus amigos são verdadeiros e que aquele cara gosta de mim pelo que sou e não o que tenho.

Homens de verdade gostam de mulheres de verdade, e é isso que deveríamos fazer. Passamos tanto tempo tentando nos igualar, que perdemos toda a graça do “anonimato”. Me nego a aceitar que a vida só é bela para as magérrimas, que os homens fantasiam com mulheres que acham que Chekhov é um “país” na Rússia e que o silicone faz parte da dieta de todas as brasileiras.

Jéssica Feller
que como toda pessoa normal tem dor no maxilar quando ri por muito tempo

quinta-feira, 24 de abril de 2008

O amor é lindo

Começa assim:

Eu entro no quarto, ele nem me olha e já fala:
-Me vê aquele teu livro de sonetos!
-Poxa, ta na estante pega você!(Ele não responde e continua sem olhar)
(...) Da ultima vez que ele pegou emprestado deixou jogado, depois de muito tempo eu o encontrei (o livro, não ele) no meio dos Atlas na estante da sala.
-Ei, você ouviu o que eu falei? Pega você!Ou melhor, vai à biblioteca! E saí do computador!
-Mas o computador também é meu! (E põem os pés sujos no móvel.)
Nesse momento o livro de sonetos portugueses voa do outro lado do quarto direto na cabeça dele.

É bem assim:

Eu chego super cansada em casa. Meu sonho é poder assistir televisão em paz.
Ele se apoderou da melhor cadeira e está assistindo futebol.
Eu peço delicadamente pelo controle, ele diz que não. Eu dou uns cinco berros, arranco o controle, sento em cima dele até ele pedir pra sair.
Ele passa os próximos quinze minutos berrando alguma música em inglês, dança na frente da televisão, e depois me cutuca (eu odeio que me cutuquem) por mais três minutos, até eu ameaçar levantar e bater nele.

Termina assim:

Eu preciso de dinheiro, pra qualquer coisa e só vou receber daqui a duas semanas. Eu bato na porta do quarto me jogo na cama.
-O que você quer? (ele fala desconfiado, sem tirar os olhos do vídeo game)
- 20 reais.
Ele da aquela bufada, abre a gaveta e joga o dinheiro.
-Obrigada maninho, você é o melhor.

Jéssica Feller
que sempre teria dinheiro, se fosse filha única

segunda-feira, 21 de abril de 2008

“Qual foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?”

Quando me fizeram essa pergunta eu havia acabado de voltar da Espanha. Minhas respostas eram de dar inveja, “Há cinco dias eu caminhava pelas ruas de Viggo, tomava o melhor chocolate quente do mundo, entrava na Catedral de Santiago de Compostela”. Mas há algum tempo essa pergunta têm me atormentando, os dias parecem sempre iguais: trabalho, faculdade, casa, uma ida ao bar ocasionalmente.

Quando somos crianças a probabilidade de fazer algo pela primeira vez é muito maior. É claro que existem milhões de coisas que nunca fiz e quero muito fazer, e há também situações que nem imagino e que aconteceram. A questão é, será que está sob nosso poder fazer coisas novas acontecerem? Não estou falando em zerar a conta no banco e ir para a África, falo de outras coisas, pequenas coisas.

Lanço então o desafio a mim mesma e a vocês blogueiros, façamos algo novo todos os dias, nem que seja tomar um caminho diferente para o trabalho ou experimentar um novo drink. Talvez esse seja o impulso para fazermos coisas que temos medo ou preguiça. Pode ser o caminho para novas experiências ou apenas um desvio inusitado na rotina.

Jéssica M. Feller
que não se decide entre aprender a andar de bicicleta ou nadar pelada em uma piscina.

domingo, 20 de abril de 2008

Eu, por Giovanna P. Túlio

É difícil ser descrito por alguém, mas é nesses momentos que podemos nos avaliar e até mesmo sermos surpreendidos.

"Jéssica M. Feller é uma mulher que chama atenção. Aos 20 anos, mistura à inocência de uma menina, com as convicções de uma mulher. Muitas vezes calma e tranqüila, outras extremamente engraçada, Jéssica nasceu em Balneário Camboriú. É descente de espanhóis e húngaros, e mora na cidade de Itajaí desde que veio ao mundo. Atualmente cursa Comunicação Social, e trabalha como auxiliar de comunicação em uma escola.

Durante a entrevista, ela mexia nos cabelos, enquanto, entre tantas coisas, disse temer a morte. A moça, que de moça só possui a idade e o espírito, sente-se gratificada quando é reconhecida pelo que faz, e frustrada quando não encontra o caminho certo a ser seguido. Segundo ela, seu maior defeito é pensar em desistir logo que encontra o primeiro obstáculo, porém não faria nada diferente se pudesse recomeçar sua vida.

A futura jornalista fica contente toda vez que alguma coisa que deseja acontece, e nada a aborrece mais do que a indecisão. O último livro que leu foi “Tempo de Colher” de Pepita Rodrigues. Ela guarda com saudade o tempo entre sua infância e juventude. Muito apegada aos amigos, à pessoa que marcou muito sua vida, foi seu amigo Guilherme, que faleceu há um ano, vítima de acidente de trânsito.

Quando lhe perguntei que pessoa gostaria de ser, se não fosse ela, a resposta demorou, ela pensava e pensava, então veio Nelson Mandela, mas porque Nelson Mandela? Para Jéssica, ele é uma pessoa que sempre acreditou em si e na bondade das outras pessoas, lutou e fez a diferença. Talvez, a entrevistada estivesse também se descrevendo, mas não percebeu.

Entre amor, poder, dinheiro e dever, ela escolhe tudo. A frase preferida dessa menina serena e sapeca, é: “Quando sou boa, sou boa; mas quando sou má sou pior ainda” (Mae West). Se tivesse apenas cinco anos de vida, Jéssica teria filhos. E se descreve assim, em uma única frase ‘Sou alguém que talvez passe a vida inteira sem ser compreendida”. Ela acha que pelo máximo que se expresse ninguém consegue entende - lá, sente-se aleatória aos outros, por mais que não seja."

Giovanna P. Túlio além de minha entrevistadora foi também entrevistada e é simplismente "Única em sua busca pela paz, a mulher de pouca idade é determianda e corajosa, equilibrada a ponto de ser o porto seguro de seus amigos e familiares. Possui uma beleza que transcende o físico e que toca a todos a sua volta."

terça-feira, 8 de abril de 2008

domingo, 9 de março de 2008

Palavras x Números


Os números sempre me causaram terror, afinal sou uma pessoa “das palavras”, esse desentendimento com os algarismos começou na pré - escola e dura até hoje. Tenho consciência de que há pessoas que acham tudo relacionado a eles lógico e fácil, eu não acho. Não consigo entender o motivo para termos CPF/RG/PIS/ n° pra conta em banco, etc.

Quem decretou que os números são os melhores representantes das pessoas? O que há de pessoal e explicativo em oito dígitos? Sempre acreditei na individualidade e na beleza das diferenças humanas, é por isso que fico fula quando tenho que apresentar um cartão cheio de números para provar que eu, sou eu!

Uma colega de trabalho descobriu recentemente que há em seu nome uma “empresa fantasma”. Para ela foi um choque, mas a explicação foi bem simples: “Alguém usou o número do seu CPF.”. Viram? Qual a segurança que os números nos trazem?

No auge da minha indignação pela matemática, penso em diversas formas de provar que não sou um código de barras. No fim, acabo escrevendo esse texto, pois as letras sim têm a capacidade de transmitir toda a minha pessoa. E que Pitágoras me perdoe, mas sou muito mais Camões.

Jéssica Feller
que organizará uma fogueira em praça pública para que todas as calculadoras sejam destruídas.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

De cabeça

Quando se está solteira (o) por muito tempo você acaba desenvolvendo hábitos (e manias) que aos olhos do outro (a) podem parecer (no mínimo) estranhos. Você deixa de sair no sábado apenas para ficar em casa vendo filmes antigos sem ter que se pentear ou tirar seu pijama, você passa suas tardes de domingo lendo na varanda e escreve textos às 4 da manhã.

Relacionamentos são coisas assustadoras, é preciso se comprometer, doar, ceder, deixar outra pessoa entrar em sua vida e mudar absolutamente tudo de lugar. Depois passar por tantos relacionamentos desastrosos, que só te deixam mais gordinha (o) e com menos paciência para “flertar”, como você consegue voltar ao jogo?

Parece loucura se arriscar novamente e botar nas mãos de outra pessoa o que você demorou tanto tempo para construir e concertar. Será que é justo que agora que as paredes estão pintadas, os quadros pendurados e as cortinas no lugar, alguém entre e te faça perder os sentidos novamente?

Quando falamos de paixão nos referimos apenas aos beijos demorados, as borboletas no estomago, as risadas exageradas e as conversas pelo telefone que duram horas. É como se bloqueássemos o fato de que já fomos magoados e existe uma grande possibilidade de acontecer novamente. É possível se jogar de cabeça em uma relação, mesmo sabendo da possível falta de rede de proteção?

Depois de quatro anos solteira eu finalmente estou pronta para um recomeço, e mesmo que as cicatrizes ainda sejam visíveis elas não doem mais. Essa é a grande magia da vida, você pode recomeçar a hora que quiser, basta estar disposto e aberto para o que as pessoas têm a lhe oferecer.

Jéssica Feller
que acredita muito em seu próximo relacionamento, mesmo sem ter alguém em vista

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Juízes

“Com a mesma ferocidade que ora julgas, outrora serás julgado”

Esse sempre foi um dos meus mantras pessoais, uma tentativa (nem sempre bem sucedida) de lembrar que não cabe a mim julgar ações alheias. Nos últimos dias eu estive refletindo sobre os “juízes” em nossas vidas e não posso deixar de pensar que não há juiz tão implacável quanto nós mesmos.

A capacidade de perdão e compreensão dos seres humanos se restringe a terceiros e em muitas situações o mais difícil é perdoarmos a nós mesmos. Como calar a voz interior que há todo o momento nos lembra de nossas falhas? Das palavras que nunca deveriam ser ditas, das lágrimas que caíram involuntariamente, da quebra de promessas, da fraqueza que nos faz sucumbir às tentações.

Se reconhecemos nossos erros e pedimos desculpas às pessoas que amamos (e até mesmo às que detestamos), o que é preciso para sermos dignos do nosso perdão? Será que o conceito de absolvição está sempre atrelado à punição? E se precisamos ser punidos, será que o arrependimento e as horas não dormidas não são o bastante?

Jéssica Feller
que não consegue "baixar o martelo"

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Parte II


É difícil descrever a sensação de conhecer pela primeira vez os membros da sua família. Passei toda minha vida ouvindo estórias sobre os irmãos e irmãs de meus avós, sobre seus filhos e netos, mas a verdade é que nunca havia imaginado suas vozes, feições, risadas.

Talvez o sangue seja uma ligação que vá além da nossa compreensão, pois já no primeiro abraço me senti acolhida, parte daquela numerosa família que até então era desconhecida por mim. É estranho pensar que durante vinte anos convivi com apenas um terço dos meus parentes e que embora eu os desconhecesse, eles conheciam a mim.

Pude conhecer o porto onde meu avô trabalhou durante sua adolescência, subir o morro até a Curra (um pequeno vilarejo bem próximo de Quilmas) e ver a casa onde minha avó nasceu, me sentar à frente da lareira com a tia Maria (mulher do tio Zeferino) comendo deliciosas bolachas e ouvir histórias incríveis sobre o mar narradas pelo tio Santiago.

Sem as “obrigações turísticas”, pudemos aproveitar durante uma semana o frio do inverno espanhol enquanto nos fartávamos de vinho e boas conversas. Na hora de ir embora o coração batia em um compasso de felicidade e saudades, enquanto a garganta dava um nó que até hoje não desapareceu.
(Continua)

Jéssica Feller
que mal pode esperar para voltar para a Espanha

Para entender melhor:
A viagem
Parte I

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Um brinde

Enquanto bebíamos champagne, eu e três amigos conversamos sobre relacionamentos e o quão difíceis podem ser.
Apesar de enfrentarmos momentos tão difíceis saímos quase ilesos ao que antes parecia ser a maior catástrofe de nossas vidas. Pergunto se há uma lição a ser aprendida com isso, em meio a um gole, a pequena loira a minha esquerda opina:
“Se algum dia fui pobre não me lembro, e rasguei todas as fotos.”

Talvez seja assim com todas as coisas da vida



Jéssica Feller
que só bebe champagne socialmente

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Perdendo o juízo

Sempre ouvi diferentes experiências sobre essa situação, uns dizem que dói (e muito!), outros afirmam que não sentiram nada nem durante, nem depois. É sempre assim, não se pode medir dor através de depoimentos alheios. O engraçado é que ninguém nunca havia comentado sobre a quantidade de sangue envolvida no procedimento.

Lá estava eu praticamente deitada, cravando minhas mãos no encosto. Ele pergunta se tudo está bem, se estou sentindo alguma dor. Eu respondo que não e tento me concentrar no teto verde água. Com uma mão ele segura minha cabeça, com a outra faz força. Sinto-me meio tonta, com vontade de chorar, mesmo sem sentir dor.

Durante aquela uma hora e meia, ele tenta me acalmar descrevendo o que está fazendo, “a metade já foi”, “agora falta pouco”, “não se preocupe com o barulho”. O teto já não está me ajudando, então olho bem no fundo dos olhos azuis dele e penso que olhos tão bondosos não podem me machucar, eu o conheço há muito tempo e tenho plena confiança nele, mas não posso deixar de me preocupar toda vez que ouso um “plec”.

Quando tudo finalmente termina me surpreendo com o tamanho dele, sim aquilo estava dentro de mim. Aquele dente gigante, que tantas vezes me fez passar noites em claro com dor, que infeccionou e me impediu de comer tantas coisas. A assistente do dentista pergunta se quero levá-lo, eu fico pensando o que farei com meu ciso esquerdo (fora da boca), mas acabo levando para casa dentro de uma pequena caixa de plástico. Ele é um pequeno troféu, a prova de que um dia, eu tive juízo.

Jéssica Feller
que tem bolas de algodão na boca

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Parte I

O extravio de malas no aeroporto de Portugal marca o inicio de nossa viajem. Após cinco horas de muito berro, choro e burocracia (estou falando dos meus pais, eu estava dormindo em um banco) as malas aparecem. Chegamos a Santiago de Compostela no dia 24 de dezembro às 10 da noite, o cansaço e a fome eram visíveis em cada um de nós.

O único restaurante aberto na cidade era chinês, o proprietário pouco falava castelhano, não que isso faça diferença, pois meu pai (que achou o lugar) tão pouco entendia o dialeto. Dessa forma nada convencional passamos a véspera de natal, partilhando nosso yakisoba com um inglês e um irlandês que apareceram no hotel (também em busca de comida).

Enfrentando uma forte chuva conhecemos a cidade no dia 25, para a nossa sorte a Catedral de Santiago estava aberta. Ao redor da Catedral existem inúmeras ruelas, cada uma abriga diversos restaurantes, cafés, lojas e pequenas fontes. É uma cidade cheia de história e lendas e é impossível não se apaixonar por toda aquela grandiosidade de detalhes.

Santiago de Compostela atraí milhares de peregrinos todos os anos, em ano santo esse número é imensamente maior. Existem vários trajetos de peregrinação, o menor deles dura cinco dias, mas no fim o destino é sempre o mesmo. Ao ver um peregrino dormindo apoiado em seu cajado dentro da Catedral, eu também quis um dia fazer esse caminho.


Continua ...