quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Caixa de Pandora

Dentro do maleiro guardo quatro caixas, duas apenas para textos e apostilhas da faculdade, em outra estão milhares de fotos (umas organizadas em álbuns e outras tantas soltas), a mais importante contém todas as cartas, bilhetes, cartões e desenhos que já recebi. Uma vez por ano abro a caixa (agora já quase sem nenhum espaço) e releio todo o seu conteúdo.

Faz parte das tradições de natal, olhar para trás e relembrar tudo o que já passou, para então escrever as metas do ano novo. Minha mente bloqueia a existência de tantas palavras de carinho e amizade, tantas memórias e poesias guardadas naquela caixa. Toda vez que as leio, parece a primeira vez. Este ano em especial, as palavras daqueles que não estão mais presentes, foram ao mesmo tempo nostálgicas e reconfortantes.

Lá estava a história em quadrinhos que o Guilherme fez para me alegrar, em sua visão eu era uma heroína cheia de apetrechos que lutava contra aquela que “roubara” o afeto de determinado rapaz. Estava também a carta que meu padrinho mandou para o retiro da crisma, junto com o cartão de meus avôs e pequenos bilhetes cheios de desenhos feitos pelo meu irmão.

A saudade de todos aqueles me fazia sentir privilegiada, por ter convivido e amado tantas pessoas especiais, que demonstravam o que sentiam e que sempre estavam ao meu lado. No fundo da caixa havia várias folhas de caderno enroladas, lá estavam os famosos relatórios de aula, que falavam de tudo, menos da aula em si. Não importa se ao olhar para o passado você ri ou chora, o importante são as provas de que você viveu plenamente, um dia de cada vez e que no fim tudo aconteceu da melhor forma possível.


Jéssica Feller
que já preparou uma nova caixa para as lembranças que estão por vir