quarta-feira, 30 de abril de 2008

Modelos




A garota da capa está sempre sorrindo, ela tem cabelos longos com mechas loiras (em um tom que eu nunca consigo achar), olhar distante, lábios grossos e pesa o equivalente a uma criança de treze anos. Nas páginas centrais ela fala sobre sua vida equilibrada, sua dieta macrobiótica, suas três horas diárias de exercícios. Vejo o olhar de admiração das pessoas, a vontade de ser como ela, de ter sua vida, seus olhos, sua bunda, etc.

É claro que há momentos em que nós, reles seres humanos, que trabalham oito horas por dia, estudam e acham o cúmulo pagar 1,80 por dia no estacionamento da universidade (ou sou só eu?), sentem uma pitada de inveja desses seres que estampam as capas das revistas. Perdemos nosso tempo na frente do espelho encolhendo a barriga ou procurando falhas no cabelo, nesses momentos de fraqueza ousamos pensar: Eu queria ser ela.

Ela, o ser/objeto de admiração que faz milhares de homens babarem, que conseguem tudo em um estalar dos dedos e ainda sim, se dizem humanitárias e intelectuais. Elas, minhas queridas é que deveriam ter inveja das nossas vidas. Eu posso comprar pão de moletom e ninguém se importa ou bate fotos, posso cometer “deslizes” de conduta e simplesmente olhar para os lados e dizer “Ninguém me conhece!”, posso manter uma relação em segredo, ter certeza de que meus amigos são verdadeiros e que aquele cara gosta de mim pelo que sou e não o que tenho.

Homens de verdade gostam de mulheres de verdade, e é isso que deveríamos fazer. Passamos tanto tempo tentando nos igualar, que perdemos toda a graça do “anonimato”. Me nego a aceitar que a vida só é bela para as magérrimas, que os homens fantasiam com mulheres que acham que Chekhov é um “país” na Rússia e que o silicone faz parte da dieta de todas as brasileiras.

Jéssica Feller
que como toda pessoa normal tem dor no maxilar quando ri por muito tempo

quinta-feira, 24 de abril de 2008

O amor é lindo

Começa assim:

Eu entro no quarto, ele nem me olha e já fala:
-Me vê aquele teu livro de sonetos!
-Poxa, ta na estante pega você!(Ele não responde e continua sem olhar)
(...) Da ultima vez que ele pegou emprestado deixou jogado, depois de muito tempo eu o encontrei (o livro, não ele) no meio dos Atlas na estante da sala.
-Ei, você ouviu o que eu falei? Pega você!Ou melhor, vai à biblioteca! E saí do computador!
-Mas o computador também é meu! (E põem os pés sujos no móvel.)
Nesse momento o livro de sonetos portugueses voa do outro lado do quarto direto na cabeça dele.

É bem assim:

Eu chego super cansada em casa. Meu sonho é poder assistir televisão em paz.
Ele se apoderou da melhor cadeira e está assistindo futebol.
Eu peço delicadamente pelo controle, ele diz que não. Eu dou uns cinco berros, arranco o controle, sento em cima dele até ele pedir pra sair.
Ele passa os próximos quinze minutos berrando alguma música em inglês, dança na frente da televisão, e depois me cutuca (eu odeio que me cutuquem) por mais três minutos, até eu ameaçar levantar e bater nele.

Termina assim:

Eu preciso de dinheiro, pra qualquer coisa e só vou receber daqui a duas semanas. Eu bato na porta do quarto me jogo na cama.
-O que você quer? (ele fala desconfiado, sem tirar os olhos do vídeo game)
- 20 reais.
Ele da aquela bufada, abre a gaveta e joga o dinheiro.
-Obrigada maninho, você é o melhor.

Jéssica Feller
que sempre teria dinheiro, se fosse filha única

segunda-feira, 21 de abril de 2008

“Qual foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?”

Quando me fizeram essa pergunta eu havia acabado de voltar da Espanha. Minhas respostas eram de dar inveja, “Há cinco dias eu caminhava pelas ruas de Viggo, tomava o melhor chocolate quente do mundo, entrava na Catedral de Santiago de Compostela”. Mas há algum tempo essa pergunta têm me atormentando, os dias parecem sempre iguais: trabalho, faculdade, casa, uma ida ao bar ocasionalmente.

Quando somos crianças a probabilidade de fazer algo pela primeira vez é muito maior. É claro que existem milhões de coisas que nunca fiz e quero muito fazer, e há também situações que nem imagino e que aconteceram. A questão é, será que está sob nosso poder fazer coisas novas acontecerem? Não estou falando em zerar a conta no banco e ir para a África, falo de outras coisas, pequenas coisas.

Lanço então o desafio a mim mesma e a vocês blogueiros, façamos algo novo todos os dias, nem que seja tomar um caminho diferente para o trabalho ou experimentar um novo drink. Talvez esse seja o impulso para fazermos coisas que temos medo ou preguiça. Pode ser o caminho para novas experiências ou apenas um desvio inusitado na rotina.

Jéssica M. Feller
que não se decide entre aprender a andar de bicicleta ou nadar pelada em uma piscina.

domingo, 20 de abril de 2008

Eu, por Giovanna P. Túlio

É difícil ser descrito por alguém, mas é nesses momentos que podemos nos avaliar e até mesmo sermos surpreendidos.

"Jéssica M. Feller é uma mulher que chama atenção. Aos 20 anos, mistura à inocência de uma menina, com as convicções de uma mulher. Muitas vezes calma e tranqüila, outras extremamente engraçada, Jéssica nasceu em Balneário Camboriú. É descente de espanhóis e húngaros, e mora na cidade de Itajaí desde que veio ao mundo. Atualmente cursa Comunicação Social, e trabalha como auxiliar de comunicação em uma escola.

Durante a entrevista, ela mexia nos cabelos, enquanto, entre tantas coisas, disse temer a morte. A moça, que de moça só possui a idade e o espírito, sente-se gratificada quando é reconhecida pelo que faz, e frustrada quando não encontra o caminho certo a ser seguido. Segundo ela, seu maior defeito é pensar em desistir logo que encontra o primeiro obstáculo, porém não faria nada diferente se pudesse recomeçar sua vida.

A futura jornalista fica contente toda vez que alguma coisa que deseja acontece, e nada a aborrece mais do que a indecisão. O último livro que leu foi “Tempo de Colher” de Pepita Rodrigues. Ela guarda com saudade o tempo entre sua infância e juventude. Muito apegada aos amigos, à pessoa que marcou muito sua vida, foi seu amigo Guilherme, que faleceu há um ano, vítima de acidente de trânsito.

Quando lhe perguntei que pessoa gostaria de ser, se não fosse ela, a resposta demorou, ela pensava e pensava, então veio Nelson Mandela, mas porque Nelson Mandela? Para Jéssica, ele é uma pessoa que sempre acreditou em si e na bondade das outras pessoas, lutou e fez a diferença. Talvez, a entrevistada estivesse também se descrevendo, mas não percebeu.

Entre amor, poder, dinheiro e dever, ela escolhe tudo. A frase preferida dessa menina serena e sapeca, é: “Quando sou boa, sou boa; mas quando sou má sou pior ainda” (Mae West). Se tivesse apenas cinco anos de vida, Jéssica teria filhos. E se descreve assim, em uma única frase ‘Sou alguém que talvez passe a vida inteira sem ser compreendida”. Ela acha que pelo máximo que se expresse ninguém consegue entende - lá, sente-se aleatória aos outros, por mais que não seja."

Giovanna P. Túlio além de minha entrevistadora foi também entrevistada e é simplismente "Única em sua busca pela paz, a mulher de pouca idade é determianda e corajosa, equilibrada a ponto de ser o porto seguro de seus amigos e familiares. Possui uma beleza que transcende o físico e que toca a todos a sua volta."

terça-feira, 8 de abril de 2008