domingo, 26 de agosto de 2007

Geração coca-cola com vodca

Esse texto inicialmente seria publicado na segunda edição do jornal "Folha Universitária". Como essa edição nunca veio...

As gerações são de alguma forma caracterizadas, estereotipadas.
É dessa forma que lembramos das gerações que nos antecederam, e que um dia seremos lembrados.
Todas tem algo em particular , assim que ouvimos um fato ou um termo já assimilamos de que época,de que geração estão falando .
A que nos antecede ,”geração cola-cola “, já foi muito bem descrita por Renato Russo, cabe agora classificarmos a nossa. Talvez uma boa opção fosse “ geração coca-cola com vodca”.
Sim, temos muito acrescentado ao nosso tempo.,mais possibilidades, informações, liberdade.Porém a real diferença entre a “ com vodca”, é a falta de movimentação ,de vontade. Ou seria de excesso de conformismo?

Lembro-me das aulas e filosofia em que minha professora , coitada, tentava nos inspirar de alguma forma com os grandes feitos dos antepassados.
Falava de Joana D´Arc e seu grande exemplo como mulher que desafiou a todos, mais principalmente a igreja católica, que a condenou a fogueira e depois a canonizou.
Citava as grandes idéias de Sócrates, que foram descritos por seu discípulo Platão, e depois foram o motivo de seu julgamento e morte. Nada disso adiantava.
Os alunos não se interessavam pelas histórias de alguém que não fez nada mais, criativo, digamos assim.
A verdade é que o grande problemas dessa geração é a facilidade das coisas, o que foi motivo de luta e morte para uns, hoje é esquecido por aqueles que são beneficiados por seus feitos.

Somos muito bons ,no entanto, em clamar por liberdade, não no sentido utópico, é claro. Liberdade hoje é sair da sala de aula quando se bem entender, poder dirigir, sair a noite sem horário, e coitado daquele que nos contradizer.
Usufruímos de direitos que não foram conquistados por nós,mas não temos a capacidade ou a vontade, de exigir os nossos direitos. Ao contrário assistimos calados a tudo que nos fazem ou falam, seja em nossas casas, escolas, trabalhos, política, país.

Então lanço a pergunta, a luta de todos aqueles que foram linchados, condenados e mortos valeu a pena? Hoje temos direito ao voto, independente de nossa classe social, cor ou sexo. O casamento que antes era tido como um negocio, hoje já não é tratado da mesma forma, muito pelo contrário.
Não temos uma censura rigorosa que nos proíbe de ler, ouvir ou discutir certas coisas. Em nossas mãos temos uma realidade pronta para ser mudada, temos os caminhos, as armas, e ao contrário do que muitos dizem o problema não é que não sabemos usa-las, mas que o caminho mais fácil é deixar as coisas como estão.

Ou será que por termos tanto, acabamos perdendo o gosto pelas lutas e pelas mudanças?

A paz

É sábado, caminho lentamente pelas ruas de minha cidade natal, há pouca movimentação. A chuva fina molha aos poucos meus sapatos. Enquanto me aproximo do destino, ouço passos que não são meus, é uma passeata pela paz. Uma silenciosa manifestação de quase cem pessoas. Continuo andando pensando em um bom motivo para não estar no meio deles, prossigo em meu caminho. Na volta para a casa a chuva aumenta mas não abro o guarda-chuva, continuo só com a passeata pela paz. A minha paz.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Objetivos


Todos os dias somos questionados, até onde iríamos para realizar nosso sonhos? Até onde vamos para conquistar nossos objetivos? Para os jornalistas é freqüente ouvir : o que faria por uma boa pauta, fonte, furo. Para o foto-jornalista não é diferente.

Enxergar o mundo através da lente pode parecer fácil, mas assim como no jornalismo a fotografia exige paixão e comprometimento. A “magia” que câmera proporciona faz com que se tenha vontade de guardar cada fragmento de uma paisagem, construção, momento. Por vezes as fotos vão além de meras lembranças, elas se tornam símbolos, fazem história. Para que o mundo tivesse conhecimento do que aconteceu nas guerras foi preciso que alguém se arriscasse, essas pessoas armadas somente de câmeras e filmes ultrapassaram limites físicos e emocionais.

Talvez seja muita pretensão dizer que eu também me arriscaria dessa forma para tirar uma fotografia. Minhas aventuras por trás das lentes se resumem a andar em um teleférico em cima do Vulcão Osorno no Chile, embora o clima estivesse congelante foi o medo de altura que quase me impediu. Mas quando se está diante de tamanha beleza, é necessário deixar alguns medos para trás, se segurar com uma mão e com a outra apoiar a câmera.

Depois que a teoria não é mais uma barreira e a prática for dominada, não imagino grandes empecilhos para uma boa fotografia.
É claro que só posso ter certeza disso quando estiver diante da situação, é somente no momento que você sabe até onde é capaz de ir para tirar uma foto.

Tenho certeza de que se as barreiras forem uma longa viajem, uma subida íngreme ou até mesmo grandes alturas, eu estarei mais do que disposta a ultrapassar meus limites. Tendo sempre em mente que "As coisas das quais nos ocupamos, na fotografia, estão em constante desaparecimento, e, uma vez desaparecidas, não dispomos de qualquer recurso capaz de fazê-las retornar. Não podemos revelar e copiar uma lembrança.” (Henri Cartier-Bresson) Um momento de hesitação pode significar que aquela imagem está para sempre perdida, e talvez para um foto-jornalista essa seja uma das piores coisas que possa acontecer.
Jessi M
que sonha em um dia bater grandes fotos


Jornalismo cidadão

O mundo virtual hoje não é mais um escape do “mundo real”, ele é uma extensão.
Esse “novo mundo” é cheio de facilidades e de informações, ele permite uma aproximação não só entre os seres humanos mas, também que cada um de nós possa usufruir de ferramentas que antes só estavam disponíveis a um seleto grupo.
Esse poderoso meio de comunicação chamado internet, admite que todas as pessoas tenham acesso a qualquer informação que seja publicada e indo além, ele pode transformar qualquer indivíduo em um comunicador.

No “jornalismo cidadão” a pessoa que tem acesso a uma câmera digital, a um celular que bata fotos e que esteja conectado a internet, pode pautar matérias e informar como um profissional da área. Se antes a participação do leitor, telespectador e ouvinte se limitava a cartas, ligações ou a responder alguma enquête, hoje eles podem se tornar os próprios agentes comunicadores.
Essa prática está cada vez mais sendo incorporada aos grandes veículos de comunicação impressos, que dão ao leitor espaço para mandarem fotos, vídeos e textos. Por mais que pareça maravilhosa tal liberdade ficam no ar alguns questionamentos.

O primeiro e o mais obvio é: onde ficam os jornalistas nessa história? Para alguns o papel se limita a filtrar e corrigir os textos e informações, outros como Sérgio Murillo Andrade, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) defendem que “O jornalismo deve ser feito por jornalistas. Essa modalidade não exclui a responsabilidade do jornalista sobre aquilo que será publicado.”

Esta talvez seja uma das questões mais graves, a da responsabilidade junto à publicação, no Brasil não existem leis especificas para o conteúdo da internet, sendo assim eu posso dar qualquer informação sem que essa seja questionada. A veracidade das notícias não é checada como nos outros meios de comunicação. Como você pode então confiar no que esta lendo? Como pode ter certeza da real autoria de um texto, notícia ou imagem?

Essa transformação porém, pode servir como um incentivo a discussão e reflexão por parte dos cidadãos que agora não estão somente absorvendo informações mas, que também participam da mídia. Os jornalistas não são apenas comunicadores da realidade, mas fazem parte de um grupo modificador. A tentativa de atrair o publico e lançar questionamentos talvez nunca tenha sido tão bem sucedida. Cabe aos jornalistas não só corrigir textos e filtrar informações mas, serem mediadores das discussões e questionamentos levantados por ambas as partes.

Textos base: “Nós a mídia”-Revista Imprensa n° 222 – Abril, 2007
“O que é o virtual” de Pierre Lévy (págs 147 a 150)