Sem meias palavras...
por Jéssica M. Feller
terça-feira, 12 de abril de 2016
Um pequeno adeus..
Eu
sinto muito se a minha felicidade te incomoda, se não busco as mesmas coisas
que você, se não me encaixo no que você chama de “normal”. Sim, eu percorri um
caminho diferente e nele encontrei outras verdades e realidades muito mais
próximas do que eu quero para mim. Me desculpe se não preciso da sua aceitação
e se não me importo com sua opinião, acontece que quando a gente se ama aprende
a respeitar o outro, mas a não se sujeitar às vontades/expectativas alheias. Eu
respondo por mim e a mim. Sinto muito que isso seja tão difícil de entender,
mas eu já não tenho vontade alguma de me encaixar. E se é tão difícil assim de
aceitar, sinta-se livre para me deixar, afinal, amizade de verdade não ressente
felicidade nem se baseia somente em julgar.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016
Justificando
Eu sinto que passei metade da
minha vida me justificando. A outra metade eu estava tentando entender o motivo
de ser como sou, uma pessoa que precisa de justificativa. Acontece que nem
sempre meu jeito peculiar é compreendido, minhas piadas são levadas a sério,
minhas histórias são interpretadas de formas erradas por falta de contexto, e
quando (finalmente) paro de falar, percebo tem alguém na ponta da mesa me
olhando como se eu fosse uma extraterrestre.
E embora esse olhar seja bem
recorrente eu ainda não acostumei com ele, com cada um deles me sinto
constrangida e inapropriada, e ai das duas uma: eu me fecho; disparo em uma
diarreia verbal tentando explicar que na verdade eu sou uma pessoa normal,
legal, boa, que vai à missa, faz caridade, ama sua família, que nunca roubou um
carro, nem fugiu de casa, etc.
A vida tem dessas, há pessoas que
te entendem de primeira, tem pessoas que você acha que te entenderam, mas
depois descobre que elas acham que você é uma alcoólatra funcional que gosta de
queimar coisas por prazer (não, eu não sou piromaníaca e minha única história
que inclui fogo é aquela em que queimei meus cabelos no fogão de uma amiga –
falando assim entendo o motivo de alguns olhares, tem todo um contexto gente!).
Acontece que depois de um tempo
cansa viver se justificando, então das duas uma, ou eu aprendo a ficar de boca
fechada ou eu paro de me importar com os olhares julgadores. Também posso
desenvolver uma cartilha explicando algumas coisas, contando os principais
momentos da minha vida (aqueles que fundamentalmente me fizeram ser do jeito
que sou), mas isso pode tirar a graça da minha biografia não autorizada (que eu
mesma escreverei). Enquanto minhas múltiplas personalidades não entram em acordo
sobre como agir diante desse dilema, sigo em frente desviando dos olhares
estranhos, um de cada vez.
Jéssica M. Feller
Que jura juradinho que é mais
normal do que aparenta
quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
Brigas (e outras neuroses sobre minha vida afetiva)
Eis
que em dado momento de uma conversa entre amigas uma delas começa a relatar uma
briga com o namorado. Enquanto ouço atentamente, fico puxando em minha memória
alguma referência familiar para saber exatamente qual é meu posicionamento em
uma situação como aquela. Então varri toda minha memória, puxando antigos/recentes
relacionamentos ficantes e paixonites, nada.
Pesquisei por brigas/discussões, nada.
Minha memória ta tão ruim assim? Pensa cronologicamente, opa, a comida ficou pronta! Deixa pra lá.
Mas
chegando em casa me vi pensando novamente nisso por horas. Céus, teria eu tido relacionamentos
tão maravilhosos que não existia espaço para tais coisas? NÃO! Então o que tinha de errado com
meus relacionamentos para nunca ter tido esse tipo de discussão, essas pequenas
briguinhas que todos os casais relatam como se fosse parte obrigatória dos
relacionamentos? Será que estou
há tanto tempo sem um relacionamento que simplesmente não me lembro mais de
situações pontuais como essas? E se sim, como resolver? Simplesmente ligar para
o ex e perguntar: “Algum dia eu fiquei chateada por algum desses motivos ~lista
de motivos~?”
E
se de fato eu nunca tive as tais brigas, será que um dia as terei? E se não, o
que isso diz de mim exatamente? Seria esse um dos motivos para eu estar
solteira a um considerável período de tempo? Infelizmente (ou felizmente) essa
é uma daquelas neuroses que só o tempo poderá responder.
Ao meu futuro ficante /namorado só posso dizer: Mal posso esperar para brigar (ou não) com você! .
Ao meu futuro ficante /namorado só posso dizer: Mal posso esperar para brigar (ou não) com você! .
segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
Pequenas vitórias
Desde comecei a morar sozinha
passei a apreciar muito mais as pequenas vitórias do dia a dia e por morar em
uma nova cidade essas ficam ainda mais frequentes (e talvez um pouco mais
estúpidas pra quem as vê de fora). Aqui está meu ranking das 4 conquistas que ganharam pulinhos e berrinhos de
celebração (não me julguem!).
4- Quando aprendi a ir ao mercado sozinha
Pode parecer idiota e mundano,
mas a primeira vez que fui ao mercado sem ajuda do Waze eu dei alguns gritinhos
de felicidade dentro do carro. Ta bom que eu basicamente só preciso dar a volta
na quadra e depois seguir reto por 2 quilômetros, mas gente, juro que no começo eu achava difícil me
localizar.
3- Meu primeiro bolo
A história do meu primeiro bolo, sem
qualquer supervisão de um entendido no assunto, envolve alguns dramas e dificuldades (que
foram facilmente resolvidos após dois vídeos e 47 áudios para minhas amigas), também
teve corte no dedo, fumaça casa adentro e uma daquelas coberturas que embora
esteja deliciosa não ajuda em nada na aparência, sabe como? Mas o que importa é
que meu primeiro bolo durou menos de 1 hora na cozinha do trabalho e considero isso
um grande sucesso.
2- A primeira vez que andei nua
Quando você
mora com seus pais e irmão, andar nua pela casa não é exatamente uma opção, e a
verdade é que nunca havia nem pensado nessa prática. Mas quando você mora
sozinha as pessoas de repente revelam que todo o tempo que você andava de
roupão, eles estavam nus em pelo em suas respectivas casas. Após um longo
estudo sobre o campo de visão do prédio à frente fui ver por mim mesma qual era
a graça, e embora não tenha me tornado adepta ao nudismo domiciliar, sempre que
preciso ir à sala depois do banho sem ter que me enrolar na toalha eu esboço um
sorriso de canto de boca.
1-A primeira vez que recebi meus amigos
Para mim foi o
acontecimento do ano, cheio de planos, cardápios, preparativos e muita ansiedade,
e é claro que o resultado não podia ser diferente: o final de semana mais
incrível da história. A primeira vez que
meus amigos ficaram hospedados na minha casa, foi o dia que ela se tornou um
lar. E é claro que nem tudo saiu
conforme o planejado, mas o mais importante foi alcançado: eles se sentiram em
casa, quer vitória maior que essa?
De todas as experiência acima citadas, acho que o bolo foi a melhor opção para ilustrar
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
Coisas que ninguém te conta sobre morar sozinha:
Quando
você revela que vai morar sozinha pela primeira vez, todo mundo quer dar
“dicas” (leia-se pitacos) sobre como você vai se sentir, o que terá que fazer,
o que vai estranhar, etc, etc. Depois de
ouvir aquele montante de clichês, você descobre que na verdade foi sobre o que
eles não falaram que vai te marcar mais.
- Lavar
louça, limpar a casa, cozinhar, não são NADA comparados a jogar o lixo. JURO,
você pode lavar paredes e não se importar, mas ter que colocar uma roupinha
mais ou menos (correndo o risco de algum vizinho gato te ver toda cagada) pra
descer e levar o lixo, esse será o maior sacrifício de todos.
- Limpar
o ralo do chuveiro vai mudar a sua vida. Não adianta dizer: “já limpei muita
casa suja”, “já vi de tudo”, a primeira vez que você limpar um ralo de chuveiro
você nunca mais será o mesmo (não vou dar spoiler porque acho injusto, mas dou
dica: LUVAS).
-O mais
difícil é não ter em quem colocar a culpa: Faz 2 meses, sim DOIS, que perdi o pé
esquerdo de uma sapatilha laranja dentro do meu apartamento (de um quarto
diga-se de passagem). Eu não posso dizer: “Quem pegou?” “Quem escondeu?” E nem mesmo “pelo amor de Deus me ajuda a
procurar”. Eu perdi, já procurei por tudo, e não há testemunhas nem o que
fazer.
- Comprar
água é a pior parte das compras: eu sei que ela é primordial e sem ela a gente
tipo, morre, mas comprar água é um saco! Primeiro que você para e pensa,
quantos litros preciso? Onde vou guardar esses galões? Como vou carregar isso
sozinha? E ai vem aquele pensamento obscuro “e se eu der uma fervida na água da
torneira, será que não rola?”. (Não, Não rola, compra o que consegue carregar e
sempre, SEMPRE verifica se está acabando o estoque).
-Gritar
não é opção: não importa se for uma tarântula de 2 metros de altura, barata
voadora de 3 cabeças, formigas carnívoras,
se o inseto entrou na sua casa é seu DEVER moral matá-lo sozinha (e
limpar os restos mortais). E não tem essa de: vou me trancar no quarto e
esperar ele ir embora sozinho, se enche de coragem e vai, com vassoura, sapato,
remo, não importa! Só vai e mata (depois do primeiro fica bem mais fácil).
Jéssica
M. Feller
Sobrevivente
do ataque de um besouro durante o banho
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